Em uma quinta-feira, tarde da noite, meu marido liga do show dele.
“Amor, queres fazer algo louco?”
Eu respondi 70% animada, 30% relutante: “Aham …”. Eu já sei que quando ele usa a palavra “louco” é porque realmente é.
Ele continuou tri animado: “O Rhino Edwards, o baixista do Status Quo está aqui visitando o nosso show! Eles nos convidaram para ir no concerto deles em Leipzig amanhã! Queres ir? Digo sim ou não?
Minha mente foi direto para o medo “Mas isso é amanhã! Não não não não! Um concerto com uma cadeira de rodas?! Isso não vai dar certo! E se eles tiverem escadas?! Não, peraí, esse é o meu medo tomando o controle. Pode ser legal… É um medo real ou apenas desconforto, porque estás saindo da tua zona de conforto? Ain eu acho que eu quero ir… Quem é Status Quo? Ah, quem se importa, o Falk gosta deles. Vai fazer alguma coisa louca, mulher! Te lembra do que a Marie diz, comece antes que estejas pronta. Não, sério? Devo fazer isso?! AIMEUDEUS! 🚨
Tudo isso aconteceu em questão de segundos.
Eu respondi ainda em dúvida: “Tá, vamos. Mas e a cadeira de rodas?”
“Eu falei com eles”, ele disse, “Eles têm certeza de que tem uma entrada para cadeira de rodas, mas eles vão checar para ter 100% de certeza amanhã, e eles têm meu número. Eles vão ligar caso não funcione.”
“Tá bem então. Vamos fazer isso.” eu disse.
Quando chegamos em Leipzig, eu disse: “AIMEUDEUS, estamos realmente fazendo isso.” E meu marido respondeu “É, estamos.”
Quando chegamos no local do show, eu nem estava mais com tanto medo assim. Quero dizer, eu já estava lá né, tarde demais para arrependimentos. Chegamos, mostramos os nossos ingressos V.I.P e um dos seguranças nos guiou pela entrada sem barreiras. Estava bem cheio porque a banda de apoio já estava tocando, mas o segurança se desbravou na multidão para procurar um lugar mais perto do palco, para que eu pudesse assistir bem, mesmo sentada.
Agora, eu me pergunto: Privilégio porque fomos convidados pela banda ou gentileza do segurança? Eu gosto de acreditar que ambas as coisas. E a minha crença fica ainda mais forte porque havia outras pessoas na minha frente me mostrando essa gentileza. Durante o show, teve um homem, que estava cuidando do começo ao fim para não ficar na minha frente — e puxava a esposa quando ela ficava. 😂 Mas de um modo geral, todas as pessoas ao meu redor estavam fazendo a parte delas, de alguma forma, para que eu pudesse aproveitar o show.
E eu me senti verdadeiramente humilde.
Eu gosto de me considerar uma pessoa perceptiva, porque eu acho significado profundo nas coisas pequenas e cotidianas. Por isso decidi escrever este post. Na verdade, eu aprendi três coisas dessa “experiência louca”.
1. Aprender vs. Fazer
Este ano, tenho me colocado em aprendizados profundos. Aprender sobre como construir um negócio online, aprender sobre a minha espiritualidade, basicamente aprendendo como me reconectar com o Amor e inspirar outros a fazer o mesmo. No entanto, todo esse aprendizado têm sido um trabalho interno, eu me desconectei para reconectar.
Durante o inverno e meses mais frios, tudo bem ficar dentro de casa e escrever o que eu estava aprendendo, mas nos três escassos meses de verão que temos na Alemanha, eu estava esquecendo de sair para a rua e me arrastar fora da minha zona de conforto o máximo possível. Eu estava esquecendo de viver experiências e aprender com elas. Eu estava, mais uma vez, ficando muito confortável. Eu estava mantendo o meu status quo.
É assustador fazer essas coisas! Viver sem remorso nenhum sobre quem tu és, e estar em um estado constante de aprendizagem — mas é essa a humana que eu aspiro a ser. É fácil esquecer de fazer mais trabalhos externos quando estás descobrindo tantas coisas internas novas que tu nem conhecias. Honestamente, ir a um show de rock ‘n roll em uma cadeira de rodas, para mim, se encaixa em sair da minha zona de conforto.
A Marie Forleo me ensinou que a clareza vem com engajamento, não com pensamento. Tu não avançarás apenas pensando em avançar. Dito isso, esteja em constante aprendizado, mas não te esquece de colocar em prática o que tu aprendestes.
Isto me leva à segunda coisa. Que eu aprendi com a Marie também…
2. Comece Antes Que Estejas Pronta
Eu estava pronta para ir em um show de rock ‘n roll em uma cadeira rodas? DE JEITO NENHUM! Para tornar as coisas um pouco mais complicadas, a minha cadeira motorizada, a Enterprise, estava com problemas de drenagem de bateria e, naturalmente, eu não consegui ir com ela. Eu tive que ir com a manual, que eu chamo de Shuttlepod (sim, sim, eu sou uma grande fã de Star Trek). Foi ok ser empurrada pelo meu marido, mas é claro que me sinto muito mais poderosa com a Enterprise.
No entanto, todas essas coisas eram condições! E elas não eram nem boas o suficiente para me impedir de ir ao show. Eu estava apenas com medo. Eu não me sentia confiante o suficiente. É por isso que eu reivindiquei a minha coragem e rolei com ela.
Como eu disse neste post, a parte primitiva do nosso cérebro, nossa mente baseada no medo, nunca se sentirá pronta para o crescimento. Nossos cérebros estão preparados para sobreviver e quando introduzimos elementos que desafiam este instinto, ele quer desligar reagindo com medo. Nossos pensamentos nos param antes mesmo de entrarmos em ação. A verdade é que não crescemos dentro da nossa zona de conforto. Nós crescemos quando nos colocamos fora dela, onde o “medo” quer nos impedir de ir.
Isso significa: se tu te sentires animada, mesmo que haja um pouco de medo, faz que nem o Capitão Picard diz:

3. Meu Trabalho Como Ativista Pelos Direitos Das Pessoas Com Deficiência
Primeiramente, Direitos das Pessoas com Deficiência deveria ser simplesmente sobre os Direitos Humanos. Enfim, desde A Arte de Redefinir-se, fiz alguns compromissos sagrados comigo mesma. Uma delas é que quando estou fora no mundo, eu não rolo sozinha. Eu rolo por mim e todos os Cadeirantes neste planeta.
Quando vou a um concerto e mostro que os Cadeirantes têm o direito de ter condições adequadas para isso, não estou apenas conscientizando as pessoas de que existimos fora dessa caixa de deficiências, isso não é nem um motivo para ser chamada de “inspiradora”. O que estou fazendo é abrindo portas, removendo degraus para cada Cadeirante que virá depois de mim. A razão pela qual eu pude ir ao show em primeiro lugar foi que em algum lugar no passado, um(a) Cadeirante fez uma escolha corajosa de viver fora da sua zona de conforto e agora concertos ao ar livre são preparados para nos receber.
E no meu coração, eu sei que plantei uma sementinha em todos os humanos que interagiram comigo naquele dia. Muitos deles me mostraram a bondade e a compaixão que eu sei que vivem dentro de todos nós. Eles tornaram possível que eu me divertisse sem negligenciar o próprio entretenimento deles.
•••
Acontece que o concerto da banda que eu nunca tinha ouvido falar antes trouxe tantos momentos emocionantes. E o fato de que nome deles é Status Quo foi muito simbólico, já que eles definitivamente mudaram o meu próprio status quo.
Não vou dizer que foi fácil porque viajar, mesmo para Leipzig, que é apenas uma hora de carro, é sempre fisicamente doloroso para mim. O que eu vou dizer é isto: valeu totalmente a pena e estou ansiosa para assistir a futuros concertos.
Eu me pergunto o que virá a seguir para me tirar da minha zona de conforto. Afinal de contas, não posso ficar muito confortável. Tenho que mover o status quo.
Com todo o meu amor,
Lina
Artigos relacionados e escolhidos a mão para ti:


